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Congonhinhas: panoramas e folclore ao redor do pico agudo


Os irmãos Valdir e Valdecir, Afonso Bernardes
e Miguel Corrêa Martins contemplam a paisagem.
Congonhinhas - Visível de longas distâncias, o pico agudo em Congonhinhas compõe diversas paisagens, entre as quais o patrimônio Santa Maria do Rio do Peixe no sopé da face leste, para quem viaja na PR-435 procedente de Ibaiti. Num exemplo das "mutações" panorâmicas, quem entra no patrimônio, com acesso à esquerda, verá o pico noutra direção, ainda longe.

Situa-se na escarpa do segundo planalto, altitude entre 800 e mil metros, íngreme a leste e acessível "por trás" (a oeste), onde não é abrupto, permitindo pastagens até a uma altura. Por esta banda, é o único caminho para o cume.

Os irmãos Valdecir e Valdir Bernardes da Silva moram nas cercanias desde que eram moleques, filhos de um mineiro de Ouro Fino que chegou em 1951, comprou a terra, casou-se e ampliou a família. "Eu tinha 14 anos quando cheguei aqui", recorda Valdir.

Adiante de Santa Maria, comunidade de 600 habitantes, o sítio de Valdecir permite visão frontal do monte a uma distância presumível de dois a três quilômetros, em linha reta entrando na propriedade vizinha que o abrange. Pelo sítio, chega-se também ao chalé da família Carneiro, cerca de 350 metros acima, o acesso mais alto na encosta pelo flanco esquerdo.

Cartão postal: Santa Maria do Rio do Peixe,
no sopé da face leste do pico, para quem
viaja na PR-435 procedente de Ibaiti
Na metade superior, o monte está protegido pela reserva florestal obrigatória, que o contorna; a estabilidade é completa, não se tem notícia de deslizamentos. Valdir observa que, além da vegetação, o pico (núcleo do monte) é rocha resistente à erosão.

Visagens
"Pico Três de Maio", nome não oficializado do acidente, se relaciona à celebração de missa no alto, uma vez por ano. A religiosidade não afugenta assombros e visagens na banda leste, vale profundo em que a vegetação densa guarnece os riachos.

É terra da mãe-do-ouro, segundo Valdecir, que afirma ter visto duas vezes a "entidade", transformada em bola de fogo, guardiã de tesouros. Versão mais difundida entre as variações do folclore de uma região para outra, a aparição ocorre à noite e no lusco-fusco (entardecer e amanhecer). A bola de fogo faz uma curva no céu, indo cair onde ouro em mina ou tesouro enterrado, conforme a tradição oral.

Valdecir diz ter imaginado inicialmente que fosse um "avião caindo", até a luminosidade expandir-se assombrosamente e desaparecer. Na outra vez, estava tirando leite de uma vaca e levantou-se do banquinho ao ser surpreendido pelo clarão, "uma luz azul".

Além do fantástico, há fato verídico em história contada pelo tio Antônio Bernardes, sendo ele próprio um dos participantes da busca ao ouro enterrado atrás do pico, que "seria dos jesuítas". Não se sabe a quantidade. Prometendo dividir a riqueza, um sujeito mal-intencionado reuniu um grupo para escavar. Ao perceber que se aproximavam do ouro, "desanimou a turma", sugerindo: "Vamos parar e voltar amanhã cedo". No dia seguinte, madrugou sozinho, apanhou o ouro e fugiu.

Restou o buraco, "um poço de 15 metros", até há pouco tempo, que o atual proprietário da fazenda "mandou entupir porque estava caindo gado dentro". Mencionado em outras narrativas, o "ouro dos jesuítas" é lendário; quanto à hipótese de os padres da Companhia de Jesus terem passado pelo lugar, se liga à redução de Nossa Senhora da Encarnação, que fundaram na margem esquerda do Tibagi (atualmente Ortigueira), em 1625. Os trechos intransponíveis do rio tinham de ser contornados por terra.

Outro morador, Ismael Corrêa Martins especula sobre a hipótese de minérios e petróleo nas cercanias do pico, considerando a ocorrência em Sapopema. a cerca de 40 quilômetros. "Quem sabe?" — indaga. Prospecções desde a década de 30, a mais recente por volta de 1970, incluíram a região e só comprovaram formações em Sapopema, uma "província mineral" de carvão, urânio e molibdênio, além do xisto a céu aberto.

O pico de Congonhinhas faz uma triangulação, em linhas retas de aproximadamente 45 quilômetros, com aqueles de Ibaiti e Sapopema. Também conhecidos por "pico agudo", na realidade têm o cume achatado. Pontudo, mesmo, é o de Congonhinhas.

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- Hélio, o ‘cientista’, põe a rádio no ar (Redação e imagem: Widson Schwartz. Especial para a FOLHA DE LONDRINA)

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Postado por: Érick Paiva - Blog Congotícias
Érick é acadêmico do curso de Direito, cursando atualmente o 10º período na Faculdade Cristo Rei (FACCREI) de Cornélio Procópio. É o criador do Blog Congotícias, levando a informação para Congonhinhas e região há mais de 10 anos.